Natural de Florianópolis, Vini dos Santos foi um dos quatro brasileiros indicados pela liga mundial do surfe - WSL (World Surf League) ao Big Wave Awards (2020/2021). Ele irá concorrer ao prêmio em três categorias: Biggest Paddle (maior remada), Ride of the Year (melhor onda do ano) e Performer of the Year (melhor performance em uma onda da temporada).

No final de 2020, Vini foi até Nazaré, em Portugal para participar das maiores ondas já surfadas pelo jovem surfista. Aqui você confere um pouco da incrível participação do Vini. A premiação aconteceu no dia 29 de outubro, às 19h (horário de Brasília) e foi divulgada durante o Red Bull Big Wave Awards Show de 2021, com transmissão da WSL.

Para entender como o Vini dos Santos chegou até as praias de Nazaré, fizemos algumas perguntas. Confira abaixo o relato do jovem surfista!

O COMEÇO

Sempre tive paixão pelo oceano, por isso comecei a surfar com 3 anos de idade no verão de 1994 em Imbituba/SC. Quando fiz 11 anos mudamos para a praia da Joaquina, também em Santa Catarina, e lá passei a surfar com mais frequência. Foi a partir desse momento que comecei a participar de competições.

“Surfei e competi contra grandes talentos da época, que inclusive influenciaram muito a forma como eu surfo”. 

Os meus rivais na época eram melhores tecnicamente e melhores competidores. Participei de muitas finais, mas nunca ganhei um evento. Acabei ganhando um circuito da Associação da Praia da Joaquina, por competir bem durante o ano inteiro. Participando desses eventos, eu tive a sorte de encontrar condições de ondas maiores, e quando as ondas cresciam eu era o primeiro a aparecer na praia. Ficar à espera de ondulações passou a ser algo constante na minha vida, desde quando eu aprendi sobre a previsão das ondas no site Waves. 

“Eu sempre tive esse desejo de pegar uma onda maior, esse sentimento sempre esteve dentro de mim”.

Em 2008 entrei na Universidade Federal de Santa Catarina para estudar Engenharia de Aquicultura, pois o surfe de Ondas Grandes era algo muito distante, me parecia só um sonho - e eu ainda nem tinha patrocínio e nunca surfei no Havaí. Nessa época, comecei a trabalhar como guarda-vidas na praia da Joaquina durante as temporadas de verão.

Apenas em 2013 com a baixa do dólar, utilizei as minhas economias para uma viagem de ondas grandes no México em Puerto Escondido. Mesmo com aquela realidade distante, me pareceu algo mais próximo do que eu imaginava. Botei em prática a minha experiência no oceano devido aos últimos anos de surfe e salvamento aquático. Uma semana após voltar para o Brasil, peguei uma grande onda na Praia da Joaquina, essa ficou marcada como a maior surfada na remada na ilha até então. Isso tudo me motivou a fazer do meu grande sonho realidade.

O próximo passo foi trabalhar por mais duas temporadas como guarda-vidas economizando para chegar no Havaí - a meca do surfe mundial.

ANTES DE NAZARÉ

Como consegui passar um ano no Havaí, desenvolvi muito a minha remada de ondas gigantes, aprendi a falar em inglês e mudei minha maneira de me comunicar com as pessoas. Em uma fase diferente da minha vida, eu vivia o sonho havaiano/americano e me desdobrava em duplas jornadas de trabalho para alcançar os meus objetivos no surfe.

Sendo o único catarinense caçando ondulações no pacífico, fui convidado para o evento Mormaii Big Wave Challenge da WSL na Praia do Cardoso. Nesse evento com altas ondas, fui para a final. Depois fui para outro evento no Chile que eu também fui pra final. Usei o dinheiro da premiação e reinvesti em uma viagem para Nazaré em Portugal.

Após surfar as maiores ondas havaianas e Mavericks na Califórnia, o meu próximo objetivo como surfista era surfar a onda recém desbravada em Nazaré, Portugal.

DESAFIO

Os meus maiores desafios como surfista é o que eu venho enfrentando em Nazaré. Estar nas ondas gigantes sem um time de apoio, que conta com Jetski, piloto e uma pessoa me observando com um rádio em contato com o piloto.

O segundo desafio é o fator tow - in contra o surfe na remada. Nessa modalidade, utiliza-se a propulsão mecânica (jetski) e o outro entra na onda remando e tem que ficar em pé na prancha.

Disputar a onda de Nazaré na remada com outros surfistas que entraram antes de mim utilizando reboque de jetski, é o maior desafio que eu vivo constantemente. Por isso eu senti tanta glória no momento em que eu peguei aquela onda, que hoje concorre ao Red Bull WSL Big Awards.

O SONHO

“Nós surfistas somos muito sonhadores, sempre desejamos aquela próxima onda. Isso nos motiva a ser melhores atletas e melhores pessoas. Acredito muito na lei da atração na minha realidade como surfista. Quero continuar atraindo pessoas boas e ondas incríveis para mim. Isso vai me trazer felicidade, se possível, sucesso. Tenho o desejo de que o surfe fique cada vez mais integrador, que mais pessoas tenham acesso ao esporte”.

Para nós é uma honra patrocinar o Vini dos Santos, esse atleta inspirador que tem um futuro incrível pela frente. Nós por aqui, estamos torcendo para que ele traga vários prêmios para o Brasil.